Governador do DF teria Recebido Propina de Empresas de Informática

Pela primeira vez, após a Operação Caixa de Pandora, o pivô do escândalo do mensalão do DEM de Brasília, Durval Barbosa, prestou depoimento ao Ministério Público Federal e fez nova denúncia contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). Desta vez, o ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda disse que o governador teria recebido R$ 3 milhões de suposta propina de contratos de informática, de um montante de R$ 57 milhões contratados pela gestão logo no primeiro ano de mandato.

O depoimento de Durval foi colhido na sede de São Paulo do MPF no dia 2 de dezembro, cinco dias após a Política Federal ter deflagrado a operação que revelaria um dos maiores escândalos políticos da capital federal.

Durval deu mais detalhes sobre o funcionamento do esquema de arrecadação de propina no governo Arruda. Ele relata um encontro com o governador Arruda ocorrido em 2007. Diz que, em 2007, Arruda teria pedido R$ 4 milhões de propina das empresas de informática que tinham contratos com o Distrito Federal. Durval afirma que ponderou ao governador que o valor era extorsivo porque Arruda já havia recebido uma parte em 2006, quando ainda era candidato, conforme o vídeo divulgado no início do escândalo.

Arruda teria, então, concordado em baixar o valor de R$ 4 milhões para R$ 3 milhões. A quantia teria sido dividida em três parcelas, colocadas em caixas de papelão, e entregue ao filho e ao irmão do então secretário de governo José Humberto.

Pelo depoimento, a fonte do dinheiro seria o empresário Gilberto Lucena, da Linknet, que aparece em imagens reclamando do valor da propina.

Gilberto Lucena: É duro mais de que 4% ou 5%

O ex-secretário de Assuntos Institucionais disse também que foi encarregado por Arruda de unificar o modo de recebimento da propina. Segundo Durval, o governador acabou perdendo o controle da arrecadação ilegal depois que descentralizou os serviços de informática em cada órgão do governo.

Durval Barbosa contou ainda que, há um ano e meio, entregou pessoalmente ao vice-governador Paulo Octávio cerca de R$ 200 mil em dinheiro. Segundo ele, foi a única vez que o vice-governador teria recebido a propina em mãos.

Todas as outras vezes, de acordo com o denunciante, foi Marcelo Carvalho, braço-direito de Paulo Octávio, quem recebeu o dinheiro. O pagamento teria sido feito pela empresária Cristina Boner em razão de contratos conseguidos para prestação de serviços no setor de informática.

Arruda repele a acusação de que teria recebido R$ 3 milhões em propina

José Roberto Arruda divulgou neste sábado nota em que “repele com veemência” a acusação de que teria recebido R$ 3 milhões de propina de seu ex-secretário Durval Barbosa.

"O governador José Roberto Arruda repele com veemência as acusações feitas por um indivíduo que já responde na Justiça a 32 processos e terá que responder criminalmente a acusações infundadas, irresponsáveis e caluniosas que vem fazendo", diz a nota.

Assinado pelo advogado de Arruda, José Gerardo Grossi, o documento afirma que Arruda aguarda que a Justiça restabeleça a verdade dos fatos.

"As doações que o Governador Arruda recebeu, na campanha de 2006, estão registradas no Tribunal Regional Eleitoral. Nada mais. Tudo mais é calunia", informa a nota.

Grossi também destaca o fato de Durval responder a trinta e dois processos na justiça. Afirma ainda que o ex-secretário terá de responder na Justiça pela acusação.

A denúncia do suposto esquema de corrupção que envolve o governo do Distrito Federal, deputados distritais e empresas da cidade foi feita pela Polícia Federal que, no fim de novembro, deflagrou a Operação Caixa de Pandora.

Da Agência O Globo