Mudanças climáticas: Recife, Pernambuco e o desastre anunciado

Por Raul Jungmann, de Copenhague, especial para o Blog de Jamildo

Eu hoje perguntei ao ministro Carlos Minc, a Míriam Leitão, Sergio Abranches, fundo, algum programa para cidades costeiras e semi-árido no âmbito da COP 15? A reposta foi uma só: não, não existe. Não tem grana para mitigação ou adequação, os programas chave, sobretudo o segundo, para os nossos maiores problemas.

Todos, também, foram unânimes em reconhecer que vamos ter problemas muito graves com as mudanças climáticas. O semi-árido, como já dissera o ministro Carlos Minc, será uma das regiões mais atingidas, pois terá menos chuva e mais calor.

Já o Recife será uma das duas cidades mais afetadas pela elevação da temperatura média da terra e consequente subida de nível dos oceanos. E nenhum governador, nenhum prefeito de capital do nordeste está ou esteve aqui, que eu saiba. Inclusive, claro, o prefeito do Recife e o governador de Pernambuco.

Talvez se aqui estivessem, e de modo articulado com os demais prefeitos e governadores, algo pudesse ser tentado.

Uma grande comitiva de chefes de governos sub-nacionais de todo mundo está aqui, isto é, governadores e prefeitos. Inclusive, o governador de São Paulo, José Serra, o da California, Arnold Shwazenegger, o prefeito de Quebec etc, e todos os governadores da Amazônia.

Nós, não. Nós que temos o semi-árido com maior população do mundo, e que será dramaticamente atingido, sem apelação, não estamos presentes. Ninguém aqui, titular de executivo, para lutar por nós, defender nossos interesses...

Fiquei sabendo que existe um fundo nacional, cuja fonte de recursos é o petróleo, voltado para os impactos das mudanças climáticas em curso. É urgente que nos organizemos para acessá-lo, enquanto é tempo.

Universidade, políticos, ong’s, executivos, todos, temos que formar uma ampla coalisão para debater e assumir decisões difíceis, mas que necessitam ser tomadas já, se queremos fazer frente ao futuro que será presente dentro em breve em nosso estado e em nossa capital. E que é uma ameaça à nossa existência.